59. Cachorro verde

Invencionices da indústria pet são puro desperdício de dinheiro e de recursos naturais. O cão prefere carinho e passeio a acessórios de grife.

Nas últimas décadas as famílias humanas ficaram menores e os cachorros passaram a ser tratados como filhos. A tarefa de explicar o que uma coisa tem a ver com a outra deixo para os antropólogos. Gostaria mesmo de chamar sua atenção para a pegada ecológica (ou seja, o impacto causado no meio ambiente) daquele animal fofo e querido que muitas pessoas, como eu, têm em casa.

Se sonhamos com um futuro sustentável, é importante que toda a matilha doméstica adote hábitos de consumo mais sensatos, incluindo os seres de quatro patas. Isso não significa reduzir a qualidade de vida do seu amigo. Aliás, muito ao contrário.

Essa espécie, que convive com o ser humano há mais de 10 mil anos, se adaptou bem à civilização. Prefere viver em sítio ou, no mínimo, contar com um quintal espaçoso. Mas até em apartamento um cachorro pode ser feliz. Ele precisa de água fresca, comida adequada e não em excesso, um cantinho confortável para dormir, coleira e guia para os passeios diários, vacinas em dia, vermífugo a cada seis meses e, principalmente, muito carinho. Se for friorento como o meu Nino, um ou dois agasalhos para o inverno. Só isso.

Roupas de grife, acessórios sofisticados, cosméticos, sorvetes caninos e outras invencionices da indústria pet são puro desperdício de dinheiro e de recursos naturais. Aliás, quem estuda a espécie garante que mascotes de mendigos são mais felizes, pois passam o dia caminhando ao lado do dono e recebem amor sem limites. Já nas residências afortunadas é bem comum o bicho ficar neurótico por causa do confinamento e da falta de convívio com pessoas e outros cães. Então, quando pensar em fazer um agrado no seu cachorro, em vez de ir ao shopping comprar alguma coisa para ele, vá para um parque com ele. Consumo zero, felicidade máxima.

Se você ainda não tem cachorro, pense bem antes de aumentar a família. Infelizmente, os casos de abandono são frequentes. Muita gente compra o bicho num impulso, usando critérios estéticos para a escolha, e, quando descobre o trabalho que dá, descarta o animal como se fosse um objeto quebrado. Essa atitude é cruel e criminosa.

Existem pessoas heróicas que enfrentam todos os dias as mazelas caninas para oferecer abrigos com mínimas condições de subsistência aos renegados. Por isso, a sustentabilidade em geral passa longe do pedigree: adotar um cachorro é a melhor opção. E aquele dinheiro que iria para itens supérfluos de consumo no petshop podem ser investido em doações de remédio e ração que as ONGs tanto necessitam. Essas entidades recolhem também remédios que serão descartados, potes de sorvete vazios para transformar em comedouros e jornais velhos, que viram cama para os bichos sem dono (os meus eu levo no centro de adoção da Cobasi http://www.cobasi.com.br/institucionais/Adocao.aspx).  

Se quiser ajudar mais, entre em contato com:
http://www.arcabrasil.org.br/
http://www.donnacachorra.com.br/
www.pitcao.com.br
http://kantinhodospeludos.fotoblog.uol.com.br/
No Facebook: OSCIP-AJUDANIMAL

(Agradeço a Vera Brasil pelas dicas dadas para a elaboração desse post.)

One thought on “59. Cachorro verde

  1. Apoiado! Falo tanto pra minha mãe sobre o mal que há em perfumar a cachorrinha dela, o quanto isso agride o seu faro… E o mal que que se faz a ela na hora de mostrar quem manda, o quanto os cães são felizes quando liderados com carinho… O que a bichinha precisa é passear e correr. Na parte de consumo até que a Tábata é tranquila… nada de passeio dentro de bolsinha Louis Vitton para cães… o fim…

  2. Olá Claudia!

    Você falou tudo no início do post “O cão prefere carinho e passeio a acessórios de grife”. O mundo hoje está tão louco que resolveram humanizar os cães através do consumismo, já o carinho, a atenção e demais “produtos intangíveis” ficaram de lado.

    Algumas pessoas ficam chocadas quando digo que prefiro os cães do que os humanos, mas não posso fazer nada, pois acredito que eles são muito, muuuuuito melhores que nós. Tenho 2 cães e digo que são meus 2 psicólogos, pois a convivência com eles é uma verdadeira terapia com resultados muito positivos.

    Quanto a questão da adoção… assino embaixo!

    Achei fantástico seu post e já divulguei, meus parabéns!

    Forte abraço!

    1. Oi Bruno,
      Legal que vc gostou do post. Realmente, acho que os cachorros podem nos ensinar muito a entender o que realmente importa na vida. Amo meu Nino e todos os cachorros que já passaram pela minha vida, desde a infância. O incrível, como vc disse, é que, de tão obcecadas com o consumo, muitas pessoas que não conseguem perceber que objetos supérfluos não fazem a menor diferença na vida do cão. E que a privação de contato e passeios é uma tortura para eles.
      Vamos falando…
      Abs.,
      Claudia

  3. Assino embaixo! Os animais de estimação estão pagando o preço da carência do homem. Tudo é feito não em função do bem estar do animal, mas sim pelo capricho (ou neurose) de seu dono, Ou alguém realmente acha que um cão gosta de vestir de peruca, colar de ouro, sapatinhos, tomar banho de ofurô com ervas medicinais e pintar a unha? O meu gosta mesmo é de rolar na grama, ficar todo imundo de tanto cavar e correr atrás das borboletas no jardim.

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