65. Comunidades hippies 3.0

Triste com o drama do Japão, comecei a pensar em Transition Towns e Ecovilas.

Está difícil encontrar outro assunto que não seja o trio terremoto/tsunami/vazamento nuclear que compõe a catástrofe japonesa. Ainda que o mau comportamento ecológico da humanidade nada tenha a ver com o deslocamento das placas tectônicas, a forma atual de organização da sociedade agrava muito suas consequências. 

Justamente nos momentos trágicos é que as metrópoles, a globalização, a fartura de energia, a alta dependência de meios de transporte e a centralização da produção de alimentos mostram seu lado negro. Se nossos antepassados não tinham um décimo do conforto de que desfrutamos hoje, pelo menos estavam bem mais protegidos contra os desastres mundiais. No mundo rural de antigamente, a comida crescia ou pastava do lado de casa. Para cozinhar e aquecer, bastava cortar lenha. Com as próprias mãos, pequenos grupos conseguiam viver de forma quase independente do resto do mundo. Se acontecia um desastre ali, a vida aqui continuava normal.

Testemunhar pela imprensa o colapso do abastecimento e o drama da contaminação radioativa me fez pensar nas Transitions Towns ou Cidades em Transição (http://www.transitionnetwork.org/) e nas Ecovilas (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecovila ). Esses movimentos são uma espécie de versão 3.0 das comunidades hippies, só que nada lisérgicas e muito eficientes. Descubro na internet e em conversas com amigos alternativos que tem bastante gente pelo mundo desistindo da sociedade de consumo. São pessoas que mudam para minicidades sustentáveis, onde se cultiva alimentos, as casas são projetadas para não causar impactos na natureza, a energia vem de fontes locais renováveis e o lixo está em extinção. No Brasil, o movimento das Cidades em Transição (http://transitionbrasil.ning.com/ ) tem adeptos de Alphaville à Vila Brasilândia, de Boiçucanga a João Pessoa. A idéia é interessante e os links acima merecem ser visitados com calma.  

 

One thought on “65. Comunidades hippies 3.0

  1. Seria interessante se um economista – que não pertencesse à Escola de Chicago ou que fosse cético em relação ao crescimento ilimitado – fizesse um estudo aprofundado sobre um modelo econômico onde, ao invés de centralizar a produção e distribuição, pudéssemos pulverizá-los. É insano, por exemplo, o que a Petrobrás faz com o etanol: toda a produção deve passar por uma refinaria central, para depois ser distribuída, quando poderíamos ter distribuição regional ou local. Da mesma forma, a companhia de água e esgotos poderia se concentrar apenas nos resíduos e estimular a captação da água da chuva. E por aí vai…
    A Internet, hoje, permite mensurar e viabilizar tais iniciativas.

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