72. Quero só um abraço

lion_hug-206x300Para que mesmo existe Dia das Mães, dos Pais, dos Namorados, das Crianças, da Secretária? Adoro meus filhos, mas dispenso os presentes. Prefiro receber “só” carinho. E sem data marcada.

Preocupada com o impacto ambiental do consumo, tento simplificar a vida e possuir menos objetos. Ainda acumulando mais coisas do que gostaria, acredito que “doar para os pobres” nem sempre é a solução (http://conectarcomunicacao.com.br/blog/1-pensamentos-varal/).  Por isso virei adepta do minimalismo e dispenso presentes de Natal, aniversário e Dia das Mães. Em vez de ganhar algo porque chegou o momento X do calendário, prefiro os presentes espontâneos de surpresa em dias comuns e acompanhados pela frase “Isso tem tudo a ver com você”. Meus favoritos são objetos ou roupas que pertenceram à pessoa que está ofertando. Ou então mudas de plantas para minha horta. Amo também guloseimas especiais, vinhos e livros emprestados para ler e comentar depois com a pessoa.    

Sobretudo perto de datas comemorativas, fujo de Shopping Centers, pois eles ficam ainda mais lotados e visualmente poluídos. Só que ser “do contra” não é fácil. Às vezes me sinto meio clandestina, pois escondo esse tipo de opinião para não estragar prazeres alheios. Curioso como os antigos tabus de comportamento social e sexual se foram, mas o preconceito contra os que questionam a sociedade de consumo é bem forte, a começar por apelidos como “ecochato” e “ecoxiita”.

Celebrações como Dia das Mães, dos Pais, dos Namorados, das Crianças e da Secretária não existiam até algumas décadas atrás. A maioria delas foi criada ou popularizada por marqueteiros para incentivar compras. Já eu acharia bem mais interessante se nessas datas os rituais não se resumissem a consumir e cultuar individualidades. Juro que seria a primeira a me engajar nos festejos caso reaprendêssemos a reverenciar as energias da infância, da velhice, do amor, do masculino e do feminino que existem na natureza e dentro de todos cada um. 

Voltando ao tema das compras, deixo registrado que nós, adeptos da simplicidade voluntária, não acumulamos frustrações nem desconhecemos o glamour. Comigo, aliás, aconteceu justamente o inverso. Ao decidir ter apenas o necessário, fiquei muito mais criteriosa e interessada apenas em investir no que vale a pena. Cada aquisição é planejada e curtida gota a gota. Aprecio bons restaurantes, ingredientes culinários de excelente procedência e, nas poucas vezes em que adquiro roupas novas, escolho as melhores griffes.

Meus filhos já sabem que não precisam me dar presentes. Se nesse Dia das Mães fizerem lembrancinhas artísticas para me homenagear (como já ocorreu), vou adorar. Mas aqui em casa isso não virou tradição, muito menos obrigação. De modo que, se no “meu dia” vierem me agarrar de mãos vazias, a alegria será enorme. E se esquecerem a data e mesmo assim passarmos momentos de grande afeto, aí sim é que eu ficarei totalmente realizada.

One thought on “72. Quero só um abraço

  1. Oi Claudia,
    Para mim também o dia das mães sempre foi meio complicado. Minha mãe já não gostava, portanto, nunca tivemos a cultura de celebrar na nossa família, e presentes nunca foram uma questão. Aliás, mesma coisa como o dia das crianças – ultimamente meus filhos têm questionado o porquê. (Porém o natal sempre foi cheio de coisas! o que tenho reproduzido, mas agora mais hesitante).
    Mas o que sempre foi um problema era o que fazer no dia das mães. Pois todos os amigos estavam com as respectivas, então não podíamos nos encontrar nem convidar ninguém para brincar, não dava para ir ao restaurante, pois ficam lotados (e com a comida particularmente ruim nesse dia de muito movimento)…
    Acho que esse ano vou andar de bicicleta no parque e ir ao cinema com as crianças. Se tiver alguma ideia de programa legal, me avisa.

  2. mas sabe uma coisa legal de ter datas? quando os filhos crescem e se espalham, como aconteceu lá em casa, vira uma oportunidade para concentrar esforços e se reunir, deixando de lado os outros compromissos. claro que a gente poderia fazer isso independentemente etc etc e às vezes faz, mas com o passar do tempo e outros compromissos, inclusive profissionais, vai ficando bem mais difícil…

  3. Quando meus filhos saírem de casa eu te conto como ficou o Dia das Mães. Entendo que a grande maioria das pessoas goste da data e se divirta. Mas eu acho tão mais leve quando esses encontros não são temáticos…

  4. Conheci você pela CBN ,estavas falando sobre os Hortelões Urbanos.Depois comentaste sobre doar roupas e seus desdobramentos ,nem um pouco harmonizados com o objetivo.Quando usou a expressão ,encontrei minha tribo e assim tudo foi em frente mais fácil.Amei !!
    Agora estas palavras minhas ,rsrsrs,que colocas no papel de maneira clara. Todas as datas comemorativas fazem parte de nossa cultura ,e gosto de todas elas. Mas me permita dar um livro do sebo !!!!!!! Tem livros por 1 , 5, 10 reais. Depois ? deixe no banco da praça !! Ganhar uma muda !! que beleza se for ainda uma que procuramos. No meu caso ,se ela pegar, presente duplo.
    Que os presentes continuem em datas ou não ,mas o conceito que importa.Os encontros são tão prazerosos com presente ou não. Criança?? aprende que uma torta ,um bolo específicos do dia tb é um presente.

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