98. Diga adeus aos agrotóxicos

Redes alternativas de distribuição de orgânicos trazem em casa alimentos saudáveis, saborosos e com menos embalagens descartáveis. Tão importante quanto as vantagens para o consumidor é o fato de remunerarem melhor e preservarem a saúde dos agricultores.

Minha ligação com o Movimento Orgânico começou em 1999. Eu estava em um grande supermercado fazendo compras quando, pela primeira vez, encontrei vegetais com a palavra “orgânico” no rótulo. Consegui achar, em letras minúsculas, o telefone do produtor. Liguei e, lá em Itobi (pequena cidade do interior de São Paulo da qual nunca tinha ouvido falar), atendeu o holandês Joop (pronuncia-se Iôp), um dos pioneiros da agricultura sem agrotóxicos no Brasil, que estranhou minha empolgação e, para dizer a verdade, achou que eu era maluca. Mesmo assim, consegui descobrir que o Sítio A Boa Terra (www.aboaterra.com.br) estava começando um sistema de assinatura semanal de cestas orgânicas. Achei essa uma ótima pauta e escrevi a respeito na revista onde trabalhava. A reportagem teve alguma repercussão e, meses depois, eu e o Mauro, meu marido, recebemos um convite para visitá-los.

Assim, além de clientes, ficamos amigos dos Stontenborgs. Já vai fazer 13 anos que somos assinantes da cesta do Sítio e mantemos contato com alguma freqüência. Semanalmente, fico por dentro das novidades por meio do ótimo informativo que chega junto com os produtos. Quando tinham sete anos, Alex e Julieta, nossos gêmeos, viajaram conosco para conhecer o lugar onde nasce boa parte da comida de casa.

Depois conheci a Marina Pasconn, dona da Caminhos da Roça (www.caminhosdaroca.com.br ), o Fernando Oliveira, do Alimento Sustentável (www.alimentosustentavel.com.br), o Silvio Vieira, do Sabor Natural (www.sabornatural.com.br), o Omar, o Guilhermo e o Mauro, do Sementes de Paz (www.sementesdepaz.com.br). Todas essas empresas se especializaram em entregar comida orgânica fresquinha em domicílio. Além de frutas, verduras e legumes, distribuem também arroz, feijão, farinha, ovo, pão, biscoito, açúcar, laticínios, sucos, molhos e mais um monte de itens. Dou preferência ao delivery natureba (em vez de comprar no supermercado) por causa do frescor, da redução de embalagens descartáveis e da melhor remuneração ao agricultor.

Sim, os orgânicos são mais caros. Não, esses empreendedores não estão “explorando” ninguém. Pelo contrário, pagam mais aos agricultores, vivem tentando fazer ofertas e baixar preços. Nenhum deles está perto de ficar rico, ao contrário dos bam-bam-bãns do agronegócio, das grandes redes de varejo e da indústria de alimentos.

Infelizmente, por um bom tempo ainda comida sem veneno vai custar mais. As razões são inúmeras e vou mencionar só duas: 1) o governo apoia o plantio com agrotóxicos por meio de isenção fiscal e facilidades na obtenção de crédito agrícola; 2) os produtores orgânicos arcam com custos extras de certificação, têm dificuldade de colocar os produtos no mercado, precisam cumprir muitas normas de proteção ambiental e obedecer rigorosamente as leis trabalhistas (o que muitas vezes não ocorre na agricultura convencional). Hoje em dia, encaro as despesas com alimentos orgânicos como investimento na saúde da minha família, na saúde do trabalhador rural, na saúde dos ecossistemas e em justiça social (veja mais em http://conectarcomunicacao.com.br/blog/68-10-razes-para-optar-por-orgnicos/ ).

Convido as pessoas que podem gastar um pouco mais com alimentos a preencher pelo menos uma parte da despensa com orgânicos em vez de torrar dinheiro em compras supérfluas. E fico feliz que a Rede Globo, o mais poderoso veículo de comunicação do Brasil, tenha colocado em pauta a gravíssima questão dos agrotóxicos. Nos últimos dias, muitas pessoas têm pedido indicações de orgânicos e recomendo todas as empresas citadas acima (em ordem alfabética: Alimento Sustentável, Caminhos da Roça, Sabor Natural, Sementes de Paz e Sítio A Boa Terra). Vale a pena entrar nos sites, conhecer as propostas, conversar com eles. Você corre o risco de se apaixonar, assim como eu, pelo jeito limpo, justo e saudável como trabalham. Mas pode ser que leve um tempo até se acostumar com essa nova forma de comprar comida. Enquanto a chegada da cesta não se torna um hábito, peço que persista. Vá reaprendendo a curtir a época de cada fruto da terra e a compreender os ciclos e incidentes naturais que às vezes complicam a colheita.

Sobre os agrotóxicos, a situação é ainda mais grave do que a televisão tem mostrado. Recomendo o documentário “O Veneno está na Mesa”, de Silvio Tendler (totalmente disponível no Youtube). E em breve mando mais notícias sobre o assunto, pois estou mergulhada no relatório da CPI da Segurança Alimentar do Estado de São Paulo e em outras leituras heavy metal.

One thought on “98. Diga adeus aos agrotóxicos

  1. Olá Claudia,

    Muito bom! Boas dicas. Eu estava bem preocupado, pois tenho 3 filhos pequenos…

    Várias dicas. Vou buscar.

    Um abraço,

    Terra

  2. Mto bonita a históra do seu primeiro contato com os orgânicos.
    Somos mto felizes por tê-los conhecido.
    E que bom que vc está tão envolvida no movimento de uma agricultura a favor da Vida!

    1. Nicolette, a vida às vezes reserva surpresas maravilhosas para a gente. Quem diria que numa bandejinha de isopor (rs) eu encontraria o contato com pessoas tão especiais. Vamos em frente, tecendo essa rede do bem! Bjos para todos aí no Sítio.

  3. Seu texto acima é excelente e esclarecedor como poucos! Vou divulgar, principalmente qdo der de cara com aquelas pessoas que criticam o fato de os alimentos orgânicos serem mais caros. Grata pelo teu belo trabalho!

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