Os dinamarqueses são o povo mais ecológico e mais feliz do mundo. As duas características estão totalmente ligadas e bem que podíamos imitá-los…
O Crown Plaza (http://www.cpcopenhagen.dk/ ), hotelzão chique no centro de Copenhague, instalou duas bicicletas ergométricas ligadas a geradores de eletricidade. Assim, em vez do equipamento consumir energia, produz. Qualquer hóspede pode pedalar a bike por cerca de 20 minutos (gerando no mínimo 10 kW) para ganhar uma refeição de graça do restô do hotel. Semana passada, curiosamente, dois amigos estrangeiros chamados Peter comentaram comigo essa história (o Rosenwald, norte-americano, e o Webb, australiano). Fui pesquisar a dica na internet e descobri que é verdade mesmo, e não hoax. A reportagem foi divulgada pela Reuters (http://www.reuters.com/article/idUSTRE63D3UC20100414 ) e pelo jornal inglês The Guardian (http://www.guardian.co.uk/travel/2010/apr/14/hotel-with-electricity-generating-exercise-bikes ).
Não por acaso a novidade apareceu no reino da Dinamarca, campeão mundial em ecologia. 37% dos moradores de Copenhague, por exemplo, circulam de bicicleta — mesmo com aquele friiiio. E a meta é chegar a 50% em 2015. A Folha de São Paulo dessa segunda-feira, 18/10, diz que lá automóveis são taxados em 60% de imposto e o fornecimento de energia, em 50% (http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/816078-dinamarca-quer-ser-verde-com-cobranca-de-imposto-que-inibe-uso-de-carro-e-luz.shtml). A ideia é estimular que as pessoas andem sem carro e poupem eletricidade. Mas o governo dinamarquês não economiza esforços e dinheiro quando o assunto é educação, saúde, segurança e qualidade dos espaços urbanos. Tudo do bom e do melhor, de graça para todos os cidadãos.
No Brasil, a escala de valores dos investimentos governamentais é totalmente oposta. Aqui costuma-se abaixar o imposto dos carros para aquecer a economia sem pensar na poluição do ar, no entupimento das ruas, nos perigos das estradas e na degradação das cidades. Na conta dos políticos tupiniquins vale muito a pena fazer o povo gastar com carro, por vários motivos. Assim fica mais fácil desistir de melhorar o transporte público e, de quebra, a indústria automobilística e as empreiteiras (que constroem viadutos e rodovias) lucram mais. Essas últimas, aliás, são grandes financiadoras das campanhas eleitorais.
Voltando à Dinamarca, não por acaso o país também é campeão em felicidade. Uma matéria recente da revista Época (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI142053-15227,00-O+PAIS+MAIS+FELIZ+DO+MUNDO.html) comenta um estudo da Universidade de Leicester, no Reino Unido, que aponta os dinamarqueses como o povo mais satisfeito do mundo. A principal razão para isso é o fato de ser uma sociedade igualitária que se pauta pelo lema “Você não é melhor do que ninguém”. Ostentar riqueza e agir egoisticamente pega muito mal por lá. E essa doença de dividir o mundo entre “winners” e “losers” (que contraímos dos Estados Unidos e temperamos com a secular mania brasileira de reservar privilégios para alguns) não pega naquela turma.
Será que a gente não podia importar esse lado ensolarado do espírito dinamarquês e tornar nossa sociedade mais verde e mais solidária?