Acordo com a alma leve após deixar o carro estacionado por um dia, vou olhar as notícias e logo fico entediada. A maioria dos veículos de informação, além de adotar o sarcasmo, requentou a notícia dos anos anteriores. E tome infinitas variações da manchete “No Dia Mundial Sem Carro, a cidade teve congestionamentos”.
Não existem mais pauteiros? Se eles ainda sobrevivem, por que não interditam o repeteco ad infinitum das mesmas bobeiras em cada efeméride do calendário? A próxima – prepare-se – é o Dia das Crianças. Quantas vezes teremos que ver lojas de brinquedos abarrotadas e personagens declarando “Estou aqui para comprar a Barbie X e o carrinho Y para meus filhos (ou sobrinhos ou netos)”. E, é bom lembrar, este será apenas o aquecimento para o grande evento midiático chamado Natal, com seu show de matérias clichê.
É tão difícil assim fazer uma reportagem de fôlego sobre o movimento da sociedade civil que busca devolver à pessoas os espaços públicos que os automóveis surrupiaram? Alô, pessoal das redações: se aqui a mobilização engatinha (mas ganha cada vez mais adeptos e manifestações criativas), sua força política nos países ricos é bem maior. Também fico embasbacada com as conversas que ouço por aí. Comentário frequente: “Esse DMSC não funciona mesmo”. Em seguida, o cidadão entra no possante e sai acelerando. Curiosamente, muitos dos que agem assim voam para a Europa ou para Nova York nas férias e voltam maravilhados porque lá usaram transporte público, caminharam nas ruas e puderam tomar café na calçada sem tanta fumaça em volta.
Ontem, indo a pé com uma amiga e nossos cachorros buscar minha filha na escola, levei uma bronca de uma senhora porque estava pisando na grama da calçada dela. Respondi que o lugar deixado para passagem era insuficiente (tinha no máximo 40 cm de largura). Ela continuou me repreendendo e avisou que deveríamos caminhar em fila indiana para preservar sua grama. Ou seja, esse negócio de passear pela rua conversando está abolido! Fui me informar sobre o assunto e agora respondo com o respaldo da lei: “Minha senhora, a largura mínima determinada por lei para o pedestre é 1,20m”.
Oi Claudia,
Para quem estiver interessado na regulamentação das calçadas, a cartilha para o “Passeio Livre” está disponível no site da Prefeitura: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/pdf/cartilha_passeio_livre.pdf
Muito bem feita a cartilha, Joana. Adorei!