142. Preparar para a emergência

O colapso no abastecimento de água é uma ameaça real. Enquanto o governo dorme, vamos arregaçar as mangas e fazer o que está a nosso alcance?

O post vai ser curto porque o momento pede menos palavras e mais ação. Finalmente a mídia começa a noticiar que existe uma possibilidade real de colapso no abastecimento de água, o que dispensa explicações sobre o contexto. Só que os governantes continuam paralisados. Então, como diz um amigo, a política pública por enquanto vai ser a política do público.

Em primeiro lugar, é urgente reduzir drasticamente o consumo. Medidas suaves a essa altura pouco adiantarão. Talvez nem a economia doméstica de guerra. Mas pelo menos vai servir como treinamento para o que vem por aí.

Importante ficar claro que colapso é diferente de racionamento. Raciona-se enquanto ainda existe água nos reservatórios. Quando acabar, acabou. A água não virá mais dos canos e sim do caminhão pipa, dos postos de distribuição instalados pelo governo, do subsolo, do rio, da chuva, de onde for. Claro que o estoque de água mineral do supermercado não vai durar nem 15 minutos.

Como a calamidade ainda não chegou, o quanto antes iniciarmos os preparativos para lidar com ela, melhor. Precisaremos ter calma e solidariedade, duas características que não são nosso forte, mas está aí uma boa oportunidade de aprendizado.  Precisaremos rever o funcionamento das cidades e a atividade econômica. E teremos que encontrar água de forma alternativa. Para lidar com a contaminação química e biológica serão necessárias análises em laboratório e destinação específica para águas de qualidade diferente.  Aliás, já está acontecendo um festival de perfuração de poços, muitos deles clandestinos e que podem estar captando água muito poluída. Ou seja, as iniciativas egoístas e espertinhas provavelmente não serão a melhor resposta à crise.

Então o que podemos fazer?

– É prudente construir cisternas (www.cisternaja.com).

– Edificações que bombeiam a água do lençol freático incessantemente para as sarjetas deveriam estar analisando a qualidade de sua água e preparando esquemas para aproveitá-la. Não para cozinhar ou beber, é claro. Mas para manter os banheiros funcionando, por exemplo.

– Existem nascentes nas cidades e precisaremos recuperá-las. Ativistas estão fazendo um trabalho sensacional nesse sentido. O pessoal tem um grupo nas redes sociais que vale a pena acompanhar: https://www.facebook.com/existeaguaemsp?fref=ts.

– Enquanto  lidamos com a emergência, será preciso construir a solução. Se quisermos a chuva de volta, a tarefa que temos pela frente é reflorestar o país. A começar pelas áreas de manancial e margens dos rios. Vamos a ela!

A conversa sobre a escassez de energia fica para uma próxima ocasião.

Para entender as causas da crise:
http://conectarcomunicacao.com.br/blog/135-dossi-crise-da-gua/

http://www.ccst.inpe.br/wp-content/uploads/2014/10/Futuro-Climatico-da-Amazonia.pdf

 

One thought on “142. Preparar para a emergência

  1. Sempre fui econômica em relação à água. Moro em um sítio e temos excelente água de poço, mas por aqui o regime das chuvas tb se alterou, portanto: lavar louça com um pouco de água quente + um detergente – a água do enxague é recolhida e usada nas plantas. Banho de chuveiro rápido, porém sobre uma bacia – a água recolhida vai para uso no vaso sanitário. Lavagem de roupa – toda água é recolhida: água de lavagem usada para lavagem de canil, gatil e piso – água de enxague serve para enxague de pisos e plantas. Escovar os dentes com meio copo de água e por aí vai. O importante é usar a imaginação e não deixar o trajeto torneira-ralo livre. Toda água pode ser reaproveitada. Ainda não temos coleta de água de chuva, mas improvisamos com bacias grandes e latões de plástico. Juntos acredito que faremos diferença e aprenderemos com o processo.

  2. Na rua Monte Alegre, Perdizes a emergência já chegou. O abastecimento diário chega com pouca pressão e não consegue repor o uso diário dos moradores que diga-se de passagem, pode ser reduzido drasticamente o consumo.
    Com isto foi criado um grupo SOS Água que está sendo muito proveitoso: cooperação, re-conhecimento do sistema de abastecimento e distribuição, alternativas de captação, análise da crise e desenhos de futuro. Temas inéditos em reuniões de condomínio.
    Será que a humanidade vai sempre aprender com os erros?
    Neste caso nem podemos dizer que só acordamos quando a água já está batendo na bunda!
    Brincadeiras à parte, a situação é bem grave!

  3. Parabéns por sua luta! Concordo com Júlia. As pessoas não aprendem. É dificil ensiná-las a ter consciência.
    Como você lavo minha roupa na mão. Prefiro comprar roupas fáceis de lavar e que não precisem ser passadas. A água é reaproveitada. Estou divulgando no condomínio práticas sustentáveis. É dever de todos nós.

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