96. A comida de amanhã

Vale a pena conhecer o Estado do Mundo 2011, relatório bianual do WWI,  que dessa vez coloca uma lupa nos desafios de alimentar os 7 bilhões de seres humanos.

O World Watch Institute (WWI), fundado em 1974, é o primeiro e mais importante instituto independente de pesquisas sobre questões ambientais do planeta. Anualmente, publica o relatório “Estado do Mundo”, que se torna imediatamente obra de referência. A versão 2011, com o título “Inovações que Nutrem o Planeta”, faz uma radiografia da situação mundial da agricultura, com foco em segurança alimentar e combate à fome.

São 209 páginas de texto e mais 60 de notas bibliográficas produzidas por dezenas de pesquisadores e traduzidas para 30 idiomas. Graças ao Instituto Akatu e vários patrocinadores, há uma versão em português que pode ser baixada aqui http://www.akatu.org.br/Content/Akatu/Arquivos/file/Publicacoes/EstadodoMundo2011_portugues.pdf. Só não adianta procurar nas livrarias, pois o livro está disponível apenas em PDF para economizar recursos naturais.

Nas últimas semanas estive mergulhada nessa leitura e veja o que garimpei:

Sobre a escassez de alimentos
“Dentro de um a dois anos, a maioria dos agricultores africanos que produzem para subsistência própria e usam fertilizante químico precisarão desistir desse insumo, o que ocasionará uma queda sem igual na produtividade, na ordem de 30% a 50%.” (pág. 68)

“Existe crescente escassez de água e as estimativas apontam para uma demanda superior à oferta: calcula-se que, dentro de 20 anos, o abastecimento de água será adequado para atender apenas 60% da população mundial.” (pág. 191)

“A perspectiva a longo prazo é assustadora. A partir do momento em que os recursos naturais registrem queda acentuada (em fertilidade do solo, pesca, florestas, combustíveis fósseis, por exemplo), a economia e o nível de emprego começarão a ser afetados pelo declínio na produção, pelos preços de energia e pelo aumento das emissões. Outras consequências possíveis dessa estratégia são migração em massa resultante da escassez de recursos como água, por exemplo, aceleração das mudanças climáticas e aumento considerável nos índices de extinção de recursos.” (pág. 192)

“Estamos hoje no limiar de um colapso das funções de ecossistemas vitais que sustentam as pessoas e o planeta. Ao mesmo tempo, estamos assistindo a níveis intoleráveis de pobreza, em que cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome diariamente.” (pág 197)

“A apreciação mais detalhada da agricultura global até o momento, a Avaliação Internacional do Conhecimento, Ciência e Tecnologia Agrícolas para o Desenvolvimento (IAASTD), conduzida pela ONU, fez isso e mais ainda. Redigido por mais de 400 cientistas e profissionais da área de desenvolvimento de mais de 80 países, e endossado por 58 governos, o relatório concluiu que ‘Fazer os negócios do jeito de sempre não é uma opção’. A avaliação constatou que as tecnologias e práticas agroindustriais, bem como os programas políticos, econômicos e institucionais que as respaldam, conseguiram, em alguns momentos, aumentar a produtividade agrícola, mas cobrando um preço altíssimo em termos de saúde pública, meio ambiente, equidade social, igualdade entre os sexos e dos próprios fundamentos da segurança alimentar.” (pág. 198)

Sobre agronegócio de larga escala
“Durante décadas, com o intuito de sustentar a renda familiar em vista dos retornos líquidos cada vez mais baixos por área cultivada, os fazendeiros norte-americanos simplesmente expandiram a área de suas plantações. Inúmeros fazendeiros na América Latina seguiram essa prática, montando operações que ocupam dezenas de milhares de hectares e fazendo um uso combinado de soja resistente a herbicida e sistemas de plantio direto. Embora altamente produtivas em termos de renda agrícola por hora de trabalho investido, essas fazendas fazem muito pouco para incrementar o bem-estar econômico dos despossuídos que vivem na área da lavoura. A renda gerada, assim como o produto da lavoura, escoa para fora da região.” (pág. 197)

Sobre biodiversidade na agricultura
“Um papel vital da diversidade genética é manter uma ‘caixa de ferramentas’ própria que possa ser utilizada para combater diversas ameaças à lavoura. Mesmo assim, no século 20, perdeu-se 75% da diversidade genética das culturas agrícolas, e atualmente, apenas cerca de 150 espécies de plantas são cultivadas em maior escala, das quais apenas 3 fornecem perto de 60% das calorias derivadas de plantas.” (pág. 83)

Sobre hortas na cidade
“Estima-se que 800 milhões de pessoas em todo o mundo se dedicam à agricultura urbana, produzindo de 15% a 20% de todo o alimento. Desses agricultores urbanos, 200 milhões produzem alimentos para vender nos mercados e empregam 150 milhões de pessoas. Calcula-se que, até 2020, entre 35 e 40 milhões de africanos que vivem nas cidades dependerão da agricultura urbana para suprir suas necessidades alimentares. Isso poderia fornecer a algumas pessoas até 40% da ingestão diária recomendada de calorias e 30% das necessidades proteicas.” (pág. 125)

“O cultivo de alimentos em cidades tem algumas vantagens em relação à agricultura rural, como proximidade dos mercados, baixo custo do transporte e redução de perdas pós-colheita, graças ao menor tempo entre as colheitas. Em períodos de turbulência ou instabilidade, a agricultura urbana sempre mantém as pessoas alimentadas quando o fornecimento de alimentos do campo é interrompido.” (pág. 126)

“Reconhecendo ‘a dura realidade de que fome, insegurança alimentar e desnutrição são questões prementes de saúde, até mesmo em uma cidade rica e vibrante como São Francisco’, na Califórnia, em julho de 2009 o prefeito Gavin Newsom pediu que todas as secretarias municipais realizassem uma auditoria das terras sob sua jurisdição para criar uma lista de terras adequadas à lavoura. Essa medida fez parte da primeira política alimentar implementada no âmbito de toda uma cidade e se baseou, em parte, nas recomendações da San Francisco Urban-Rural Roundtable, um grupo de pessoas interessadas, tanto da área rural como da área urbana, que se reuniram durante nove meses.” (pág. 129)

Sobre hortas escolares
“No Quênia, 12 hortas escolares são administradas em colaboração com a Slow Food Convivia e a Rede Agroecológica na África (NECOFA). Uma dessas hortas, no distrito de Molo, em Elburgon, foi eleita pelo Ministério da Agricultura do Quênia a melhor horta escolar do país. Os produtos cultivados pelos alunos são usados nas merendas escolares e o excedente é disponibilizado às famílias. O programa pedagógico une a horticultura com outras matérias e as plantas são usadas no ensino de matemática (medição do crescimento das plantas), biologia (observação dos ciclos de vida), língua (documentação do desenvolvimento da horta), história (escolha de alimentos tradicionais), arte (exploração das cores, formas e desenho das plantas) e nutrição (preparo de pratos baseados em produtos frescos). As escolas organizam viagens e intercâmbios culturais e, além disso, alunos de comunidades étnicas diferentes se encontram para compartilhar suas experiências e juntos comerem o alimento produzido nas hortas escolares.” (pág. 89)

Sobre o desperdício de comida
“O desperdício é hoje um infeliz e desnecessário corolário da profusão da oferta de alimentos nos países ricos. Jogar fora hortifrútis cosmeticamente ‘imperfeitos’, descartar no mar peixe comestível, desconsiderar casca de pão em fábricas de sanduíche, abastecer em excesso os supermercados e comprar ou cozinhar comida demais em casa são exemplos da negligência perdulária em relação aos alimentos.” (pág. 112)

Sobre democracia alimentar
O funcionamento pleno de uma democracia alimentar requer a educação alimentar de seus integrantes, ou seja, as pessoas precisam não apenas compreender as origens do alimento que consomem, mas também o contexto social, político e cultural de quem o produz e de todos os envolvidos na sua distribuição. (pág. 199)

Se você chegou até aqui, não perca a ótima entrevista com Lester Brown, fundador do Instituto, publicada em 23/10/2011 pelo Estadão: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,nos-limites-da-terra,789243,0.htm

Para ter acesso a toda a biblioteca digital do WWI, em português: http://www.wwiuma.org.br/sobre.html#.

Xeretei o relatório anterior (2009/2010) e fui fisgada novamente. O título é “Transformando Culturas/Do Consumismo à Sustentabilidade” e meus olhos grudaram nas informações que apareciam na tela. Ou seja, lá vou eu, que ainda prefiro os livros em papel, passar mais um montão de horas na frente da tela do computador, mastigando páginas em PDF (não tenho Kindle ou IPad e nem pretendo ter por enquanto).

95. Occupy serviços públicos

Ótimo atendimento no Posto de Saúde de Pinheiros me anima a jogar fora o preconceito e pesquisar melhor o que o Estado oferece antes de apelar para opções privadas.

Preparando um vaso de sucata, ontem esfaqueei minha mão direita. O corte foi pequeno, mas profundo. Como tudo na cena do crime estava sujo de terra, achei melhor tomar o reforço da vacina antitetânica, há muito tempo vencida.

Procurei o Posto de Saúde de Pinheiros que fica perto de casa. Chegando lá, encontrei instalações simples e limpinhas. Atendimento rápido, sensato e eficiente. Bastou apresentar um documento e responder algumas perguntas sobre meu histórico de imunização. Em 10 minutos, saí de vacinada sem gastar um centavo. E ainda deu tempo para uma conversa sobre como é bom consumir verduras fresquinhas produzidas em casa.

Consciente de que os problemas de saúde pública do Brasil são gigantescos e o sistema tem milhões de falhas, dou nota dez para minha experiência de hoje com o SUS. E fiquei interessada em usar mais os serviços públicos.

Pesquisando na internet (http://www.cidadao.sp.gov.br/servico.php?serv=2825), descobri que no Centro de Saúde/Pinheiros tem um monte de especialidades, incluindo psicologia, oftalmologia, fono, fisio e homeopatia. Ainda não preciso de óculos para ler, mas a idade não perdoa e daqui a pouco a presbiopia me pega. Já sei onde vou.

Aproveito para explicar meu sumiço desse blog nos últimos dias. Estou estudando as 269 páginas do relatório Estado do Mundo 2011, que nesse ano trata de tendências mundiais da agricultura com foco em segurança alimentar e combate à fome. É publicado pelo renomadíssimo World Watch Institute (http://www.worldwatch.org/) e foi traduzido para o português pelo Instituto Akatu. Se quiser embarcar na aventura, o livro está disponível em PDF: http://www.akatu.org.br/Content/Akatu/Arquivos/file/Publicacoes/EstadodoMundo2011_portugues.pdf. Na semana que vem conto minhas descobertas.

80. Precisamos de uma Marcha do Orgulho Eco?

Quem se engaja nas causas ambientais está sob constante ameaça de ser chamado de chato ou xiita, além de virar alvo das piadinhas. Vale a pena conferir o que Cacique Seattle (em 1854) e David Suzuki (em 2011) dizem sobre o que é ser ecológico.

Descobri David Suzuki outro dia, quando um amigo postou no Facebook um link para o texto “The Nature of Environmentalism”. Cientista canadense de ascendência japonesa, já recebeu diversos prêmios internacionais, publicou 52 livros, é uma celebridade verde em seu país e estrela de primeira grandeza no circuito universitário, além de dirigir a fundação que tem seu nome.

Descobri Cacique Seattle quando era adolescente. Na parede da lendária sorveteria Rocha (no centrinho da então pequena e pacata São Sebastião, litoral norte de SP) estava uma folha de jornal amarelada com sua famosa carta de 1854 em resposta à oferta do presidente norte-americano Franklin Pierce para compra das terras de seu povo, o Duwamish, localizadas onde hoje é o Estado de Washington, fronteira com o Canadá no extremo oeste.

Suzuki está no topo da carreira acadêmica. Seattle foi um índio que vivia da caça e da coleta. Suzuki escreve em um computador e seus textos imediatamente circulam pelo mundo através da internet. Seattle apenas discursava para seu clã e sua famosa carta foi compilada por testemunhas. Embora cerca de 30 anos tenham se passado, tive a mesma sensação iluminadora ao ler os dois textos, que reproduzo em parte abaixo. 

Cacique Seattle, 1854:
“Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia – são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem – todos pertencem à mesma família. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro.

A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.”                                                     
Veja o texto completo e sua história: http://www.ufpa.br/permacultura/carta_cacique.htm

David Suzuki, 2011:
 “Ambientalismo não é uma profissão ou uma ciência; é um jeito de ver seu lugar no mundo. É reconhecer que vivemos num planeta onde tudo, incluindo nós mesmos, está interconectado e é interdepentende de todo o resto.

A água se move do oceano para o ar e para a terra, ao redor do mundo, ligando todas as formas de vida por meio do ciclo hidrológico. Ao inspirar, absorvemos oxigênio proveniente de todas as plantas da terra e do mar, e também tudo o que é expelido de todas chaminés das fábricas e dos veículos. A teia de todas as coisas vivas faz parte dos processos que reabastecem e restauram o ar, a água, o solo e a energia. Nessa maneira de ver o mundo, não somos apenas receptores dos presentes mais vitais da natureza – somos participantes de seus ciclos.

 Tendemos a pensar nos ambientalistas como pessoas preocupadas com a natureza ou uma espécie em extinção ou um ecossistema ameaçado. Ambientalistas são acusados de se preocupar mais com as corujas malhadas ou árvores do que com as pessoas e os empregos. Isso é um absurdo. Vendo um mundo interconectado, nós entendemos que as pessoas estão no coração da crise ecológica global, e que a genuína sustentabilidade significa também lidar com questões de fome e pobreza, desigualdade e injustiça, terrorismo, genocídio, e guerra, porque enquanto essas questões confrontarem a humanidade, a sustentabilidade não será prioritária. 

No nosso mundo interconectado, todos esses temas são parte do caminho insustentável que trilhamos. Se quisermos encontrar soluções, precisamos ver o cenário como um todo.”
Veja o texto completo, em inglês: http://www.themarknews.com/articles/5742-the-nature-of-environmentalism

71. Os professores da USP e as usinas nucleares

Vem da Cidade Universitária o Movimento Antiusinas Nucleares. E eu adoraria ouvir as explicações dos doutores sobre os prós e os contras de cada alternativa energética.

Fiquei sabendo que um grupo de professores renomados da USP está articulando o Movimento Antiusinas Nucleares. Terça-feira (26/4) houve uma reunião na sede da ADUSP (Associação dos Docentes da USP). A iniciativa partiu de Ecléa Bosi, Alfredo Bosi e Chico Whitaker. Eles querem esclarecer a opinião pública e influenciar decisões governamentais. Propõem, inclusive, a realização de um plebiscito nacional sobre o assunto.

Não fico confortável com a existência de centrais nucleares, sobretudo depois de ler segunda-feira no Estadão a matéria “Chernobyl será perigosa por milhares de anos”  (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110425/not_imp710271,0.php). Por isso acho ótimo a academia usar seu conhecimento e senso crítico em favor da coletividade, desfazendo a cortina de fumaça que políticos e corporações constroem ao redor desse tema e de tantos outros.

Só que não basta dizer não à energia nuclear. Está em pauta, na verdade, toda a matriz energética do país, pois, se desistirem das usinas, os governantes vão apelar para outra solução, talvez ainda pior. O crescimento econômico (em bases nada sustentáveis como está ocorrendo hoje) demanda grande aumento na geração de energia. Como opções, construir mais hidrelétricas, investir mais em termelétricas, fazer usinas nucleares, queimar mais petróleo, produzir mais biocombustíveis. Nenhuma dessas alternativas se salva em termos ambientais e sociais, já que…

  • A sede por biocombustíveis está transformando o Brasil num árido canavial e desmontando aos poucos o sistema agrícola em escala humana, o que representa um enorme risco em termos de segurança alimentar;
  • Queimar o petróleo do pré-sal vai sair caro e complicar as mudanças climáticas;
  • A usina de Belo Monte, pelo que tenho acompanhado na imprensa, será uma tragédia ecológica, mas representa um ótimo negócio para as empreiteiras e para os políticos que buscam financiamento de campanhas;
  • As termelétricas tiram energia de combustível, gás ou carvão. Além de contribuir para o aquecimento global, essa opção perpetua as carvoarias que, como se sabe, são sinônimo de escravidão e desmatamento.

É viável reduzir a demanda energética substituindo o atual padrão de produção e consumo por um modelo de desenvolvimento mais sustentável?

É possível conseguir energia limpa (solar e eólica) em larga escala?

Dá para construir hidrelétricas sem destruir tanto?

Gostaria muito de ouvir as explicações dos professores da USP. Não é justo que apenas químicos, físicos e engenheiros entendam exatamente as consequências das opções que hoje estão sendo tomadas por governo, estatais e grandes grupos empresariais privados. Essa é uma questão essencialmente humana! Afeta cada um de nós e vai afetar mais ainda os nossos filhos e netos. Quero saber não apenas o que as ciências exatas têm a declarar como também as implicações econômicas, biológicas, sociológicas, históricas, geográficas, filosóficas e psicológicas desse imbroglio. E vou ficar bem feliz se essa conversa chegar às escolas, praias e botequins.

Reproduzo abaixo o documento elaborado pelos professores da USP.


CINCO RAZÕES PARA DIZER NÃO ÀS USINAS NUCLEARES

Razões ambientais
1.  Não há risco zero em nenhum tipo de usina nuclear: portanto a questão da usina nuclear é, antes de tudo, de natureza ética. Acidentes naturais, falhas técnicas, falhas humanas podem ocorrer, como já ocorreram nos Estados Unidos, na União Soviética, no Japão, nações que dispõem de alta tecnologia. Em Three Mile Island (1979) houve derretimento do reator. Em Chernobyl,1986, houve explosão do reator. Em Fukushima, acidentes naturais. Causas diferentes e todas imprevisíveis. Os responsáveis pela construção das usinas sempre afirmam que a segurança das centrais nucleares é perfeita, mas o fato é que não puderam nem podem evitar acidentes deste ou daquele tipo. Cuidado com os lobbies nucleares!
2.  Não se pode garantir por milhares de anos a segurança dos depósitos de rejeitos provenientes dos reatores. O lixo atômico sobreviverá muito tempo depois que a usina for desativada.
3.  Os efeitos cancerígenos das radiações são de conhecimento geral.

Razões sociais
4.  No caso de Angra, não há condições de retirada imediata da população, caso se verifiquem acidentes que obriguem à evacuação imediata da zona contaminada.

Razões econômicas
5.  O alto custo que importa a continuação do programa de construção de usinas nucleares (aproximadamente 8 bilhões de dólares cada uma) não compensa o uso que se fará da energia, que corresponderá a apenas 3 por cento do total das modalidades energéticas em operação no Brasil.

Movimento Anti Usina Nuclear

54. Notícias do front

O ponto de partida da busca da sustentabilidade é a consciência de que somos cidadãos planetários e devemos respeitar todas as formas de vida. A começar pelas pessoas. Quando policiais cometem crimes, traficantes ameaçam famílias de soldados e muita gente se diverte metralhando bandido num videogame, podemos guardar para outra hora as manchetes de triunfo .

O jornalista Plínio Fraga, da Folha de São Paulo, assina uma matéria excelente (“Tudo isto é complexo”) sobre o dia-a-dia de moradores do Complexo do Alemão após a chegada da polícia. Se você é assinante da Folha ou do UOL, aí vai o link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0112201018.htm. Mais sobre o assunto em http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/12/01/moradores-do-alemao-relatam-arrombamentos-de-casas-vazias-revistas-repetidas-e-humilhacao.jhtm. Os relatos incluem corrupção, humilhações variadas, achaques, arrombamentos, furtos e ameaças de estupro. Todos esses crimes cometidos pelas forças policiais que foram saudadas como a redenção da pátria.

Em outras favelas, militares são impedidos de voltar para casa porque traficantes os ameçam de morte e mantêm suas famílias sob terror (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/839541-militares-que-moram-em-favelas-sao-expulsos-de-casa-pelo-trafico-e-acampam-em-quartel.shtml).

Enquanto isso, “Fuga da Vila Cruzeiro”, criado pela Pindorama Games, da Bahia, teve mais de 60 mil acessos em apenas 30 horas, após ser disponibilizado online e virar sucesso no Facebook. O cenário do videogame, cujo objetivo é metralhar os traficantes, se baseia nas famosas imagens captadas pelo helicóptero da TV Globo.  Para saber mais: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101201/not_imp647662,0.php . O sucesso desse passatempo de mau gosto revela que, para algumas pessoas, a ideia de reproduzir o massacre do Carandiru no Rio de Janeiro seria bem interessante…

Diante desses fatos, seria bom dedicarmos o dia para pensar no ecossistema da nossa sociedade.