36. O mundo não precisa de mais garrafas PET

Consumir água mineral engarrafada é péssimo para o meio ambiente e as supostas vantagens para a saúde estão sob suspeita. 

No supermercado me assusta ver alguém com o carrinho cheio de garrafas PET de água mineral. Fico imaginando as montanhas enormes de lixo plástico que aquela pessoa produz. Nos minutos intermináveis de espera enquanto não chega minha vez no caixa, me ponho a pensar nas motivações por trás do desejo de só consumir água mineral engarrafada.

Hipótese 1: Medo que a água da Sabesp esteja contaminada. (Um arrepio percorre minha espinha.)

Hipótese 2: Vontade de se sentir superior por poder pagar algo que é praticamente grátis. (Dois arrepios.)

A overdose de garrafas circulando pelo mundo é um dos maiores problemas ambientais que existem. Alguns motivos:
* Muita energia, matéria prima e combustível são gastos para embalar e transportar líquidos, contribuindo bastante para o aumento das emissões de gases do efeito estufa;
* A humanidade não tem mais onde jogar lixo e as garrafas PET representam boa parte do que vai parar nos aterros (não se iluda com a reciclagem: é difícil recolher tudo e as indústrias do setor não conseguem dar conta de tanto material);
* Nas cidades, o descarte inadequado entope tubulações e predispõe a enchentes;
* As garrafinhas que são transportadas pelos rios para o mar ficam séculos poluindo os oceanos, o que prejudica muito os animais marinhos.

Para complicar ainda mais, existem suspeitas de que as embalagens plásticas soltem resíduos tóxicos cancerígenos, eliminando qualquer vantagem para a saúde que esse tipo de produto teria sobre a água do filtro.

A economista Letycia Janot e a administradora Maria Fernanda Franco criaram uma campanha ótima chamada “Água na Jarra”  (http://www.aguanajarra.com.br/ ). Elas estão mobilizando pessoas e restaurantes a consumir e oferecer apenas a água não industrializada. Lá no site tem um milhão de informações sobre o assunto, todas muito bem embasadas por cientistas e especialistas. Mergulhando no Água na Jarra, descobri o excelente e assustador documentário norte-americano “Tapped”. Vale a pena ver, pelo menos o trailer: http://www.tappedthemovie.com/.

Faz tempo que eu ando para todo lado com uma garrafinha de água do filtro. E me sinto excelente, pois, quando tenho sede, basta abrir a bolsa e desatarraxar a tampa. É mais simples, mais prático e não gasto dinheiro à toa. Quando saio com a família, levo na mochila uma garrafinha para cada um. Nos restaurante, não peço mais água. Bebo antes de sair de casa o que, aliás, é melhor para a digestão (muito líquido na hora de comer estufa a barriga e dilui o suco gástrico).

Quando a sede bate em pleno restaurante, confesso que já fiz a baixaria de abrir minha garrafinha e colocar a água do filtro lá de casa no copo chique de cristal. Tento ser superdiscreta, o que não é meu forte. O medo que o maître me expulse dá um sabor extra de aventura ao programa.

(Agora estou no twitter, anote aí: @claudiavisoni)