40. O que fazer com cacarecos eletrônicos quebrados?

Estamos cada vez mais aparelhados. E nem sempre percebemos que a roda-vida do comprou/quebrou/descartou consome muito dinheiro e envenena o mundo.

Escondida debaixo de um móvel da sala está uma caixa de papelão cheia de e-trash. Ali tem caixinha de som e placa de computador, joguinho eletrônico, controle remoto de wii, telefone sem fio, calculadora e várias outras miudezas que não funcionam mais. Já tentei mandar para o conserto, mas esse tipo de mão de obra está desaparecendo.

Sem coragem de jogar tudo no lixo, fucei e descobri que o governo do Estado de São Paulo criou o Mutirão do Lixo Eletrônico e divulga os postos de coleta  (http://www.ambiente.sp.gov.br/mutiraodolixoeletronico/dicas_locais.htm). Os Ecopontos (locais que a prefeitura de São Paulo disponibiliza para descarte de materiais recicláveis) também aceitam sucata eletrônica. Mas sempre que passo em frente ao da Vila Madalena, próximo daqui, acho aquele lugar tão bagunçado e sujo que tenho minhas dúvidas a respeito do empenho no manejo desse material. Outra opção é o Cedir – Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (http://www.cce.usp.br/?q=node/266, tels. 3091 6454, 3091 6455, 3091 6456), entidade ligada à USP. Não sei se aceita pequenos volumes.

Como acontece em relação a outros dilemas ecológicos, minha angústia fica mais fácil de lidar quando encontro alguém para trocar ideias. Seja ao vivo ou pelo blog. (Pronto, contei a razão oculta pela qual inventei essa esquina virtual onde estamos agora.)

No dia 24 de março de 2010, estava estampada em letras grandes na capa do caderno de informática da Folha de São Paulo a seguinte frase: “Estudo da ONU mostra Brasil no topo do ranking de produção per capita de lixo eletrônico vindo de computadores”. No pé da página, havia um box com o título “Restos de PCs podem provocar doenças”. Dá para ficar zen quando a gente lê essas coisas?

Reciclar aparelhos eletrônicos não é fácil nem deveria ser a primeira opção.  Há muito o que fazer antes de jogar a sucata numa lata de lixo verde. Algumas sugestões:

Evitar compras por impulso. Antes de tomar posse de um novo gadget, veja se ele é mesmo necessário. OK, nem tudo precisa ser utilitário nessa vida. Então, sendo o ato por puro desfrute, cheque se o novo item trará a satisfação desejada ou ficará esquecido, empoeirando na prateleira.

Preferir produtos duráveis. No mundo empresarial, é mais lucrativo o descarte contínuo, que impulsiona a venda de produtos novos. Na maior parte das vezes, o cidadão não tem escolha. Mas, no caso das pilhas, por exemplo, já existem as recarregáveis.

Recondicionar hábitos de consumo. Existe o conto da obsolescência percebida, já ouviu falar? É todo um aparato publicitário para fazer a gente desejar ardentemente o novo modelo de celular, IPod ou computador (que sempre é quase igual ao anterior). Por que substituir o que está funcionando perfeitamente? O que há de errado com os eletrônicos vintage?

Combater a obsolescência programada. A indústria deveria oferecer produtos que funcionem por muitos anos sem dar problema e colocar à nossa disposição uma rede de assistência técnica ampla, ágil e competente. E a gente deveria exigir isso. Só não sei como…

Viva a segunda mão! Redes de trocas entre amigos, familiares e desconhecidos são uma boa alternativa. Vale a pena doar e, principalmente, receber equipamentos usados. Iniciativas como o FreeCycle (http://www.freecycle.org/) merecem nossa adesão.

Por fim, um enigma que me acompanha há anos: por que será que cada modelo novo de celular tem um plug que não encaixa nos recarregadores de bateria antigos? Tenho inveja da infinita imaginação dos inventores de plugs.

REPORTAGENS INTERESSANTES SOBRE LIXO ELETRÔNICO
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100811/not_imp593302,0.php ;
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=35337 ;
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me3105201021.htm ;
http://www.ecodebate.com.br/2010/03/25/estudo-mostra-brasil-no-topo-do-ranking-de-producao-per-capita-de-lixo-eletronico-vindo-de-computadores/