43. Meu dia quase sem carro

Hoje é o Dia Mundial sem Carro e, mesmo tendo fama de ecoxiita, não conseguirei passar 24 horas longe do volante.

Fomos levar as crianças para a escola a pé. Da porta da nossa casa ao colégio foram 25 minutos. Para os adultos e o cachorro que acompanhavam a dupla de estudantes, a caminhada levou quase uma hora por causa do percurso duplicado. No caminho, ruas vazias de pedestres e muitos carros transitando. Felizmente, esse bairro residencial é bastante arborizado, caso contrário estaríamos literalmente fritos.

São Paulo ainda não dá muita bola para o Dia Mundial sem Carro, o que é uma pena. Enquanto caminhava, fiquei imaginando como a cidade seria mais acolhedora se víssemos todos os estudantes (não apenas os mais pobres) fazendo seus percursos diários a pé ou de ônibus. A neurose da segurança aliada ao excesso de motorização tirou as crianças e os adolescentes de classe média do convívio urbano. A cidade perdeu vida e as novas gerações tiveram seus horizontes encaixotados.

Propositalmente, deixei de agendar compromissos externos e fiquei trabalhando em casa (um esquema desses é privilégio de 0.000001% da população paulistana, estou sabendo). Assim seria mais fácil passar 24 horas longe do volante, eu pensava. Mas o plano não deu certo: irei de carro buscar meus filhos na escola, pois no esquema de rodízio hoje é meu dia de transportar outras crianças. E nem daria para usar transporte público, já que preciso trazê-los rápido para casa e logo em seguida sair de novo.  O programa vale a pena: às 19h vou assistir a uma mesa redonda imperdível sobre lixo eletrônico na Escola Vera Cruz. Pois é, nem a ecochata aqui consegue viver um dia sem carro…